quarta-feira, 6 de maio de 2009

Anjos no Inferno


No verão do ano passado, estava de volta a Portugal para mais um período de férias e preparando o terreno para o meu regresso em definitivo que viria a acontecer no início de 2009. Durante esse período, fiquei hospedado no apartamento de um casal amigo na periferia de Lisboa. As férias acabaram por não ser muito descontraídas. Tinha muitos assuntos a tratar e sentia-me ligeiramente angustiado e deprimido. Creio que estava a sentir os efeitos de alguns problemas pessoais que me tinham afectado durante esse ano.
Normalmente, os meus amigos ausentavam-se de casa durante os fins de semana para irem para a casa de praia da família. Apesar dos convites para os acompanhar, preferia ficar por casa. Necessitava de algum silêncio e tempo para reflectir sobre os novos rumos que pretendia imprimir à minha vida. Porém, numa noite de sábado invulgarmente fria para o mês de Agosto sentia o meu cérebro ferver de agitação. Estava triste e não conseguia concentrar-me em nada. Deambulava entre a televisão e o computador bastante entediado. Decido sair de casa e rumo em direcção a Lisboa sem nada em mente. Momentos depois, já estou no centro da capital e entro na cervejaria Solmar, lugar de onde guardo boas memórias. Sento-me no balcão e peço uma imperial. Uma sentimento de solidão assolava-me a alma. Vou bebericando a minha cerveja, fumando e escuto algumas conversas que circulavam por ali. Peço uma segunda cerveja e continuo a fumar, num claro acesso de ansiedade. Observo o cinzeiro que tinha à minha frente e vejo que tinha fumado cinco cigarros em pouco mais de vinte minutos. Estava na hora de arejar as ideias novamente...

Subo a Av. da Liberdade em passo acelerado. Soprava um vento frio que tornava a noite bastante desagradável. Quando chego ao Marquês de Pombal, olho para o meu lado direito e vejo as luzes da Av. Duque de Loulé que funcionavam como um chamariz irresistível para um solitário perdido aquela hora da noite. Pela minha memória, passaram imagens difusas de momentos vividos naqueles antros de pecado que tinham preenchido várias madrugadas da minha vida em anos anteriores. Logo no início, entro no Tamila. Peço um whisky e assisto a duas toscas sessões de strip-tease que me aborrecem ainda mais. Saio dali para fora rapidamente e subo mais um pouco. Na porta do Night and Day, encontro um antigo funcionário que me reconhece e me convida a entrar em nome dos velhos tempos. Era o meu regresso a um pequeno inferno que eu conhecia muito bem. Instalo-me na ala de fumadores e vou observando o ambiente. Apesar de estarmos em pleno mês de Agosto, período em que os respeitáveis pais de família estão de férias no Algarve com as suas honrosas famílias, a casa estava bastante cheia. As mulheres deambulavam de um lado para o outro em busca de clientes. Noto que estou mais calmo mas também acredito que isso se devia ao álcool que já me ia toldando os pensamentos. Pelo canto do olho, vou observando uma rapariga que parecia estar desenquadrada daquele ambiente. Talvez fosse pelo seu rosto angelical, talvez fosse pelas roupas discretas que eram invulgares naqueles ambientes.

Ela sentava do lado de um sujeito obeso, que insistia em colocar-lhe as mãos à volta da cintura e segredava-lhe no ouvido com bastante insistência. Ela parecia-me claramente incomodada com aquela situação e de vez em quando ia olhando para mim. Eu disfarçava e ia brincando com o meu isqueiro. Passado algum tempo, o cliente levanta-se bruscamente com cara de poucos amigos e deixa-a sozinha. Ela parece claramente aliviada e sorri para mim. Peço para que ela se sente do meu lado. Ela vem na direcção e observo que tem uma presença magnífica. Cabelos loiros naturais, alta e elegante e dententora de um sorriso sedutor. Disse chamar-se Cynthia e informou ter chegado nesse mesmo dia, vinda de Madrid onde tinha trabalhado numa outra boite. Perguntei-lhe qual estava a ser a sua primeira imagem do submundo lisboeta. Tal como eu previa, disse que estava assustada e que aquele sujeito que estava sentado do seu lado estava a ser bastante indecente, com uma atitude bem diferente da que estava habituada a ter por parte dos clientes espanhóis. Em tom de brincadeira, disse-me que eu era o seu anjo da guarda nesta noite de estreia. Não consigo conter o meu riso e vou-lhe adiantando que de anjo tinha muito pouco. Quanto muito poderia ser o seu guia na capital portuguesa e vou-lhe adiantado que não me demoraria muito mais por ali. Já me sentia claramente desconfortável no submundo lisboeta e estava com vontade de ir para um local mais arejado. Como profissional que era ,propõe-me um programa numa pensão das proximidades. Momentaneamente, sinto que a magia do momento se tinha perdido e respondo-lhe rudemente que não tinha por hábito pagar a mulheres.
A Cynthia fica desconcertada com a minha resposta mas diz que também lhe apetece sair rapidamente daquele local. Digo que me pode acompanhar mas que não tivesse ilusões que eu lhe fosse pagar para ter sexo. Poderíamos sair como meros amigos e divertir-nos um pouco, longe dali. Ela aceita a minha proposta e saímos para a rua. Preparo-me para chamar um taxi mas ela surpreende-me ao tirar as chaves do seu carro da bolsa. Era um Mercedes classe A de matrícula espanhola. Quando entro no carro deparo-me com uma enorme confusão de malas e roupas espalhadas. Ela ri-se e relembra que tinha chegado nesse dia e ainda nem tinha arranjado um local para ficar. Ela liga a ignição e arrancamos na direcção da zona ribeirinha da cidade.

Fomos até um bar na beira-rio. Ia notando que vários olhares masculinos nos observavam. A Cyntia era uma presença feminina que não passava despercebida e eu sentia-me envaidecido de estar na sua companhia. Por ali ficámos a conversar sobre os mais diversos assuntos e fiquei surpreendido com a sua cultura geral, especialmente sobre alguns dos seus conceitos sobre cinema e artes em geral. A madrugada ia avançando e digo-lhe que estava na hora de me ir embora para casa. De repente lembro-me que ela ainda não tem alojamento e ocorre-me uma ideia um pouco arriscada. Apesar de toda aquela conversa, a figura de Cynthia atraía-me cada vez mais e tinha uma vontade louca de passar a noite com ela. Pergunto se gostaria de passar a noite comigo, mas relembro o trato que tínhamos feito. Nada de pagamentos. Ela hesita durante breves segundos e aceita o meu repto. Durante o caminho gracejamos com a situação. Cynthia diz que era uma louca de aceitar dormir com um homem que podia muito bem ser um psicopata e diz que eu também devia ser meio desequilibrado para a enfiar em casa, ainda para mais de amigos.
Eram quase quatro da manhã quando chegámos em casa. Ajudei-a a arrastar uma enorme mala que trazia consigo. Trato de a colocar à vontade e abro a varanda do quarto onde estava instalado. Acendo mais um cigarro e conversamos mais um pouco. Vou-me aproximando mais dela. Beijo-a. Ela tinha um beijo suave e com um toque aveludado difícil de esquecer. Deixamo-nos envolver em beijos cada vez mais vorazes e sensuais. Avanço com as minhas mãos na direcção do seu peito. Afago-os com carinho e ela suspira, tombando a cabeça para trás.

Minutos depois, estamos a tomar um banho juntos. A água tépida do chuveiro caía sobre nós e continuávamos com uma deliciosa sessão de carícias mutuas. Bocas e mãos estavam em plena sintonia.
Na cama, não resisti a lamber aquele sexo maravilhoso. Demoro-me por ali durante longos minutos, deixando-a completamente molhada. Logo de seguida, ela retribui-me o prazer oral, chupando-me de uma forma indiscritível. Ela alternava uma suavidade erótica com momentos de pura voracidade sexual. Sentia-me em erecção máxima e desejava penetrar aquela bela mulher de imediato. Coloco um preservativo e peço que ela vá para cima de mim. Cynthia cavalga furiosamente o meu pau e eu correspondo com fortes estocadas. Daí a pouco, peço que ela se deite. Ergo-lhe bem as pernas e penetro-a bem fundo, fazendo-a gritar de prazer. Não demorou muito para que tivesse um orgasmo. Eu estava mais demorado e continuava a fustigar-lhe as entranhas sem piedade. A minha cabeça estava zonza e o suor escorria abundantemente pelas minhas costas. Continuo naquele ritmo frenético até me vir com intensidade.
Descansamos um pouco. Beijamo-nos durante longos momentos. Aquele beijo aveludado magnetizava-me por completo. Não tardou para que sentisse vontade de a penetrar mais uma vez.
Primeiro, de lado e vagarosamente, percorrendo-lhe o corpo com as pontas dos dedos provocando arrepios na pele de Cynthia. Mais beijos. Cada vez mais intensos e provocando-me uma tesão ainda maior. Momentos depois, não resisto a colocá-la de quatro e fodê-la com mais intensidade. Para tornar o coito ainda mais intenso, enfio-lhe um dedo no ânus, gesto que a pareceu enlouquecer momentaneamente. O ritmo aumentava cada vez mais. Cynthia provocava-me com um manejar de ancas que nunca tinha experimentado. Era um momento de prazer louco e acabamos por gozar quase ao mesmo tempo.
Era bastante tarde e adormecemos enroscados um no outro. No dia seguinte, parecíamos dois namorados de longa data, dada a intimidade e confiança que uma noite apenas nos tinha proporcionado. Aprovitámos para dar um passeio por alguns pontos turísticos da cidade e ao princípio da noite, levo-a até uma pensão onde se poderia acomodar durante os primeiros tempos em Lisboa. Despedi-me num beijo em que tentei reter o toque aveludado daquela língua e prometi voltar à boite antes de regressar ao Brasil, para a ver mais uma vez.


2 comentários:

T disse...

Mais que não seja , este texto põe de parte a ideia mal fundamentada de que as prostitutas são todas iguais.
Gostei imenso da tua escrita Bernardo, li tudo com grande vontade de chegar ao final para conhecer o desfecho. Não esperava que se casassem, mas quero saber se lá voltaste ;) e como foi!
Beijos, querido!

.. disse...

Bernardo Lupi
Linda história,,,
Se todas tivesse um encontro desse, seria otimo..
beijo da Ma
adorei
Parabéns