sábado, 23 de janeiro de 2010

Magda II


Um barulho de chaves, de trincos abertos e novamente fechados, de passos que se aproximavam acordaram-na. Agora o carcereiro estava perto dela. As mãos do homem a ajudaram-na a levantar-se e Magda ficou ajoelhada em cima do colchão. Os dedos do desconhecido apalparam o seu pescoço. Logo sentiu o contacto com o couro frio de uma coleira e ouviu o som metálico e seco de um pequeno cadeado que estava a ser fechado. Sentiu-se como se sente um animal e teve vergonha de estar nua e impotente diante daquele homem. O pânico deixara-lhe a garganta absolutamente seca e sentia-se incapaz de proferir o mínimo gemido.

Baixou a cabeça quando o homem começou a tocar nos seus peitos, a acariciá-los voluptuosamente. Instintivamente Magda ergueu a cabeça procurando encontrar os olhos do indivíduo, mas a venda não lhe permita de ver nada. Mesmo assim o carcereiro interpretou esse gesto como um desafio, como uma grave forma de insubordinação. Despeitado, apertou com a mão os peitos e os mamilos, pegou numa pequena corrente (segurando-a na argola dianteira da coleira) que terminava com dois prendedores cuja pressão podia ser regulada com um parafuso. Os prendedores foram colocados nos mamilos e os parafusos apertados progressivamente para o deleite do carcereiro. Magda começou a gritar de dor, mas o homem não se importou e apertou até que os mamilos ficarem bem presos. Ajudou-a a rapariga a levantar-se e, puxando-a pela corrente, acompanhou-a até um vão onde estava uma pequena casa de banho. Magda teve que urinar diante do homem. Sentiu-se morta de vergonha, mas cada vez mais se apercebia que estava ali para ser uma escrava, uma espécie de animal amestrado. Não tinha direito à menor privacidade. O carcereiro limpou a vagina da mulher que era totalmente depilada. Acariciou os lábios vaginais, o clitóris e a parte interna das coxas. Magda sentiu-se momentaneamente excitada e envergonhada de se sentir assim. O homem percebeu que os mamilos de Magda tinham ficado mais rígidos e aproveitou para apertar mais ainda os parafusos. Ela sentiu uma dor mas, contra a sua própria vontade, ficou molhada…

Voltaram para junto do colchão. O carcereiro deu umas leves mordidelas nas orelhas e no pescoço de Magda. Ela ficou toda arrepiada. O homem mantinha-se num silêncio sepulcral sem proferir uma única palavra. Quando o homem começou a acariciar as costas, o rabo, a barriga e as pernas, ela estremeceu tentando conter uns suspiros de desejo. Sentiu-se sem vontade própria, como se fosse um simples pedaço de carne, mas carne viva, composta de músculos e nervos pulsantes.

Agora estava em pé: nua e atada diante do seu senhor. Ele começou a beijá-la na boca, mordendo os lábios e os ombros, chupando a parte de pescoço livre da coleira. Magda sentiu uma onda de calor invadir todas suas fibras. Nunca Magda tinha sido beijada com tanta ousadia, com tanto ardor e, principalmente, nunca tinha experimentado a dominação. Ela, que sempre tinha encarado com ironia os relacionamentos sadomasoquistas, estava a ensaiar, pela primeira vez na vida, um prazer que lhe era quase desconhecido. Ela, que costumava gozar com uma amiga que se assumia como submissa, estava agora a descobrir que o seu desejo sexual alcançava intensidades inimagináveis. Ainda tinha medo e vontade de fugir, de correr, mas não eram apenas as correntes que a impediam de livrar-se daquela situação. Umas forças obscuras, prepotentes, avassaladoras surgiam das partes mais íntimas do seu corpo e espalhavam-se, enfraquecendo os músculos, os nervos, o cérebro. Pensou que se não tivesse sido tão fortemente atada, suas carnes teriam-se desmanchado como gelatina. De certa forma eram os cintos e as correntes que a sustentavam.

O desconhecido, sem parar de beijá-la e de explorar seu corpo com a língua, começou a brincar com seu clítoris apertando-o e esfregando-o com os dedos. O desejo alcançou um limite insuportável. Para melhor oferecer a sua boca aos beijos do carcereiro que era alto, Magda levantou-se na ponta dos pés: nesta posição os grilhões e as argolas de ferro apertavam mais ainda os tendões dos tornozelos fazendo com que ela percebesse com intensidade maior a sua condição submissa. Quando o homem introduziu também um dedo no ânus massageando a sensível mucosa, ela teve um orgasmo tão intenso que quase desfaleceu. O seu corpo, molhado de suor, de saliva e pulsão sexual, foi abandonado em cima do colchão. Por enquanto o seu raptor estava satisfeito por tê-la dominada psicologicamente, mas este era apenas o prólogo de um longo caminho de submissão que devia incluir etapas bem mais perversas. Magda tinha conciência disso. Mesmo assim adormeceu saciada, sem pensar muito nos episódios com que se iria deparar no futuro.

O sono de Magda foi interrompido bruscamente. Uma dor viva e cortante dilacerou as suas nádegas. Estava a ser chicoteada sem ter a menor possibilidade de reagir. Os golpes atingiam o seu rabo e nas coxas com regularidade: um em cada três segundos. O carcereiro sabia o que fazia, sabia como castigar uma mulher até quebrar a sua vontade, até domá-la e subjugá-la totalmente. Ele não parecia ter pressa e nem batia com muita força, pois o objetivo era de prolongar ao máximo o castigo sem, todavia magoar excessivamente o corpo de Magda. Nesse sentido era realmente um mestre. Os golpes eram dados com perícia, perpendicularmente ao corpo dela, começando da parte mais alta das nádegas até aos cintos de couro que prendiam os joelhos. Nunca um golpe era repetido no mesmo ponto.

Magda sentia dor, mas era uma dor que se ia revelando estranhamente prazerosa que renovava seu desejo de orgasmo, principalmente quando o homem mudou a direcção dos golpes que agora caíam paralelos ao corpo, castigando o lado interno das coxas e o rego do rabo. Em certos momentos a dor tornava-se mais intensa, quase insuportável e ela gritava em desespero, Era evidente que aquele castigo era fonte de um imenso deleite para o seu raptor e que, portanto, Magda não passava de um mero objecto de prazer nas mãos de um senhor absoluto e implacável. Nada podia fazer, a não ser gemer e submeter-se aquela implacável tortura. Enfim a tortura terminou. Ou pelo menos foi isso que ela pensou.

O carcereiro segurou os tornozelos da prisioneira e colocou um cadeado nas argolas dos grilhões: dessa forma as pernas de Magda ficaram totalmente imobilizadas, sem a menor possibilidade de movimento. O torturador começou a acariciar e beijar o dorso e os dedos dos pés, a massajar as plantas dos seus pés, demonstrando um interesse descomunal para as extremidades da sua vítima. Objectivamente Magda tinha muito orgulho dos seus pés, pequenos, branquinhos, esteticamente perfeitos. Lembrou-se de como inúmeras vezes tinha-os usado como instrumento de sedução. No verão saía frequentemente de casa com sandálias de salto alto, de tirinhas que deixavam os seus pés bem visíveis. Via, satisfeita, os homens sentados nas mesas dos cafés, a babar, com os olhos cheios de desejo. Era extremamente meticulosa na escolha do seu calçado e dava sempre preferência a modelos sensuais que evidenciavam a perfeição dos seus pés e atraíam os olhares masculinos.

Por breves momentos lembrou-se do Prof. Carlos, o orientador da sua tese, com quem ela adorava brincar de gato e rato, num estranho clima de sedução. Também ele parecia ter um fetiche pelos seus pés e não eram raras as vezes em que ela o apanhava a observá-los de modo ostensivo. Ela sorria para ele, mas era um sorriso de escárnio, pois gostava de provocar um homem que, com a sua idade poderia ser seu pai. Após breves horas de cativeiro, aqueles jogos de sedução pareciam-lhe brincadeiras de criança perante a perversidade em que tinha mergulhado naquela casa.

Deitada no colchão sentiu que os seus tornozelos estavam a ser amarrados e puxados na direcção das suas mãos da tal forma que as canelas ficaram perpendiculares ao chão e as solas dos pés expostas. Com a mesma corda, o homem atou os pulsos dela, deixando-a numa posição bastante incómoda. Em seguida o homem pegou num chicote bem flexível e começou a bater nas plantas dos pés, começando pelos calcanhares e subindo até aos dedos, repetidamente. Instintivamente Magda tentou proteger uma sola com a outra, pois, de certa forma, seus pés ainda estavam livres, mas ele era demasiadamente matreiro, escolheu uma corda fina e comprida. Deu uma dúzia de voltas em torno de cada pé, junto dos calcanhares, repetindo a mesma operação junto aos dedos, apertando as extremidades dos pés dela. Por fim, pegou em dois anéis de ferro que, através de um pequeno cadeado, bloquearam também os seus polegares. Magda deu conta que tinha os seus pés perfeitamente imobilizados, tendo a sensação de ter calçado um par de sapatos demasiadamente apertados. Ela continuava a estranhar o silêncio do seu raptor. Tudo se desenrolava na penumbra e ela mantinha-se vendada. Nem poderia assegurar de que se tratava de Henrique de quem tinha uma vaga imagem pela fotografia que ele apresentava na janela do messenger. Porém, ela sentia-se manifestamente impotente para tentar qualquer tipo de diálogo ou questionamento. A sua mente tinha mergulhado num estranho turbilhão de sensações que alternavam entre o medo e um bizarro prazer sexual para o qual ela não tinha uma explicação racional.


Continua...

4 comentários:

Anónimo disse...

Demasiado sadismo.


:)

Vontade de disse...

De certo modo, fascina-me. Mas é mesmo só de certo modo.

Palma da Mão disse...

Brutal!
Adorei, e vou ficar por aqui à espera da continuação:)
São formas de estar na vida, diferentes do dito, «normal».
beijinhos

goti disse...

Hummm...está a ficar deveras interessante...rsrs
Beijos doces e alegres!!