sábado, 30 de janeiro de 2010

Magda III


Obviamente que agora não tinha mais como se proteger dos golpes que, também dessa vez, caíam ritmados e impiedosos. Sim, sentiu dor, mas era uma dor diferente daquela que tinha experimentado nas nádegas. Talvez mais lacerante, mas, ao mesmo tempo, mais prazerosa. Era como se os impulsos nervosos alcançassem directamente o cérebro, como se tivesse sido estimulada a parte mais íntima e sensível do seu corpo. Uma perfeita mistura de dor e de prazer, uma manifestação de submissão total e incondicionada. Além disso, o facto de estar totalmente imobilizada impunha que ela recebesse o castigo serenamente, pois, nada podendo fazer para impedi-lo, percebia o seu próprio corpo como se fosse o de uma pessoa alheia que estava a receber um castigo bem merecido. Percebeu também, e com um certo orgulho, a excitação do homem que a fustigava, a respiração acelerada dele. Finalmente, o seu raptor emitia algum som e esboçava alguma reacção. Mais uma vez seus pés haviam funcionado como um instrumento de sedução. Chegou perto do orgasmo, mas o homem não permitiu que ela alcançasse o topo do prazer. Ele guardou o chicote flexível, pegou noutro cuja ponta terminava com duas pequena esferas de ferro e bateu energicamente nas plantas dos pés de Magda. Dessa vez a dor foi enorme, fazendo com que ela quase perdesse os sentidos. Magda chorou e implorou que a tortura parasse e, surpreendentemente, a tortura parou, mas não devido às suas súplicas. Apenas porque o seu raptor não queria deformar aqueles pés lindos e aveludados, fonte de seu desvairado prazer.


Foi deixada naquela posição horas a fio. A pele do traseiro e das coxas ardia, as plantas dos pés pareciam ter sido queimadas, os prendedores apertavam impiedosamente seus mamilos, sentia os pés extremamente apertados e, ainda por cima, o homem, antes de sair, colocara um dildo na sua vagina. As horas passavam lentas e extremamente penosas. O corpo de Magda tremia de febre e de dor mas, na medida em que a dor ia diminuindo um pouco, voltava uma excitação paradoxal, uma necessidade imperiosa de ter um orgasmo que a compensasse de tantos sofrimentos. Tentou mexer os quadris para alcançar o prazer, mas estava tão atada, tão imobilizada que os movimentos eram milimétricos. Mentalmente contou os cadeados que a prendiam: um na coleira, dois nos braços, dois nos pulsos, um no cinturão, dois nas pernas, quatro nos tornozelos mais um que segurava os quatro e enfim um nos polegares dos pés. Em tudo quatorze cadeados. Duas vezes sete, que é o número perfeito. E dez eram também os pontos do corpo dela que tinham sido atados: o pescoço, os braços, as mãos, a cintura, a parte baixa das coxas, a parte alta das canelas, os tornozelos, os calcanhares, os pés e os polegares dos pés. E pensar que sempre tinha gostado do número dez, achando-o o número da sabedoria.

Em certos momento adormecia um pouco, noutros meditava sobre a sua condição de escrava: em menos de doze horas tinha passado de uma condição de liberdade total a outra absolutamente oposta. Ela tinha sido despida, atada, acorrentada, exposta, chicoteada, torturada, privada da sua personalidade e dignidade; sentiu-se inferior até a um animal, pouco mais que um objecto cuja função era de proporcionar prazer a um senhor desconhecido e cruel que nem se dignava a proferir uma única de palavra. Mas, ao mesmo tempo, compreendeu que, apesar das aparências, ela mesma estava a exercer um poder subterrâneo, telúrico sobre o seu carcereiro. Se ele era o sol, ela era a lua, pois seu instinto indicava-lhe que aquele homem necessitava dela, do seu corpo, da sua mente, da sua alma. Ele dominava-a fisicamente, mas ela era a dona secreta dos desejos e dos sonhos de seu mestre-amante.

Pouco antes do amanhecer, ele entrou novamente, tirou a corda que juntava os pulsos com os tornozelos e o corpo de Magda ficou de novo esticado em cima do colchão. Rapidamente o homem passou um pouco de lubrificante no ânus dela e penetrou-a lentamente. Não era a primeira vez que Magda praticava sexo anal, poderia dizer-se que era uma prática que a excitava bastante em algumas ocasiões. Mas desta vez entendeu que não era admissível outro tipo de relacionamento sexual, só assim podia ser concebida a relação entre um dominador e a sua escrava. Também nessa circunstancia o raptor soube demonstrar uma notável competência e um profundo conhecimento dos prazeres mais obscuros do sexo. Agindo sem pressa, com determinação temperada, soube proporcionar um prazer desumano à prisioneira que chegou a vir-se uma, duas, três vezes antes de desmaiar definitivamente ainda com o membro viril enfiado nas suas entranhas.


E o carcereiro? Como foi o sono dele agora que o objecto de seus desejos mais secretos estava em seu poder? O que Magda não sabia é que o seu raptor era uma importante figura do mundo empresarial português e com larga influência política na área da direita. Henrique Capelo Menezes regia energicamente o seu pequeno império e era figura regular nas capas de revistas de negócios e jornais financeiros. Apenas um pequeno toque exótico o distinguia dos demais empresários. Henrique ainda era de linhagem aristocrática, o que lhe conferia uma aura de arrogância e elitismo odiada pelos empreendedores emergentes. Pouco ou nada se sabia da sua vida privada. Estava perto de atingir os cinqüenta anos mas irradiava charme e elegância. Mantinha o corpo em forma, feições bem vincadas, cabelo grisalho bastante espesso e era detentor de um par de olhos azuis magnéticos. Casara-se cedo, com 23 anos, mas ficara viúvo quatro anos depois, na sequência de um trágico acidente de viação em que se vira envolvido, sem deixar descentes para a sua fortuna considerável. A partir desse momento nada se sabia sobre a vida sentimental deste homem. Henrique gostava acima de tudo de se refugiar no seu casarão escondido na serra de Sintra, longe da confusão de Lisboa e dedicava os seus tempos livres a ler compulsivamente e a organizar a sua vasta biblioteca que organizara com um rigor quase matemático. Outras das suas grandes paixões eram a fotografia e as viagens. Ao longo do tempo também fizera um número considerável de viagens ao exterior de onde regressava com um infindável número de fotografias dignas de um profissional. Apenas lamentava o facto dos negócios lhe deixarem pouco tempo livre para viagens mais prolongadas. Os ocasionais encontros de família e as reuniões com os funcionários das suas empresas eram os seus únicos momentos de interacção social.


Apesar de ser um homem atraente e possuidor de um notável status social, a sua vida privada após a ter perdido a mulher, tinha sido pontuada por escassos relacionamentos. A sua firme dedicação ao seu grupo de empresas não lhe deixava margem para grandes aventuras amorosas. No entanto, durante os últimos anos acabou por se interessar pelo BDSM por clara influência de um amigo alemão de longa data, Otto Streich, que se dedicava a estes prazeres extremos há vários anos. Henrique começara pela leitura de diversas obras dedicadas à temática e usava a internet frequentemente para recolher informações. Henrique tinha como que renascido para a sexualidade ao descobrir um prazer inigualável através destas práticas. No entanto, a sua visibilidade pública não permitia que ele se aventurasse em demasia neste universo, pelo menos, a nível do território nacional. As suas primeiras experiências neste domínio tiveram lugar na Alemanha, na companhia de Otto e só passado dois anos é que se aventurou a solo noutras viagens que realizara. Com o passar do tempo, foi desenvolvendo uma obsessão de ter uma escrava exclusiva para si. As pequenas aventuras que ia tendo além-fronteiras já não o satisfaziam e pensava insistentemente como poderia concretizar o seu desejo supremo. Queria acima de tudo encontrar uma companheira que partilhasse o mesmo imaginário que ele e se submetesse a todas as suas vontades e fosse feliz nessa sórdida simbiose. Tinha consciência que não seria tarefa fácil e também queria evitar a vulgaridade de ter de procurar a almejada parceira no submundo que parecia ser indissociável do universo BDSM.

O seu contacto com Magda surgira ocasionalmente. Por mero acaso, numa noite, descobrira o blogue dela e ficara impressionado com a sua escrita e com o seu imaginário sexual. Vasculhou o arquivo do blogue e foi-se deliciando com os seus textos e com as fotografias do seu corpo que ela publicava com alguma freqüência. Em nenhum dos textos ela fazia alusões ao sado-masoquismo mas ainda assim, ele notava que aquela jovem mulher tinha clara tendência para ser submissa. Tratou de entrar em contacto com ela e tinham-se comunicado durante dois meses onde conversavam sobre variados temas. Ela parecia fascinada sempre que ele falava das suas viagens e foram raríssimas as vezes que falaram sobre sexo. A Magda tornara-se de forma quase espontânea a sua escolha, embora ele próprio não soubesse fundamentar as bases dessa decisão. Talvez o facto de saber que não tinha amizades muito profundas e que tinha os pouco familiares que lhe restavam, longe da capital, tivessem tido alguma influência na sua decisão. Aproveitando a oportunidade do seu amigo Otto se encontrar de visita a Portugal, marcou um encontro com ela na sua própria casa. Foi com um certo peso de consciência que viu Magda ser literalmente atacada pelo alemão poucos momentos depois de ter passado o portão de sua propriedade, enquanto ele assistia a tudo da janela da sala tremendo de nervosismo. Aquele tornara-se o seu segredo mais íntimo e estava decidido a dedicar o tempo e os esforços que fossem necessário para tornar Magda a sua escrava e viverem em comunhão de prazeres proibidos.

Nunca se sentira tão vivo como naquelas primeiras horas em que tivera aquela linda mulher à sua mercê e tornara-se algo de irreversível de que ele não abdicaria por nada deste mundo.


Continua..

3 comentários:

Anónimo disse...

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LEO

carpe vitam! disse...

haverá alguma parte em que o macho é submisso?

Libertya... disse...

mesmo não sendo apreciadora desse mundo undeground, não no sentido lato, devo dizer que a tua escrita Bernardo Lupi... é cativante demais!